O Berço das Águas, projeto patrocinado pelo Programa Petrobras Socioambiental, soma forças a uma parceria histórica entre os povos indígenas da bacia hidrográfica do Juruena e a Operação Amazônia Nativa (OPAN), primeira organização indigenista do país. Desde sua edição inaugural, em 2011, o projeto tem contribuído com a gestão territorial e ambiental dos povos que habitam a região.
A quarta edição do Berço das Águas trabalha com os povos Rikbaktsa e Apiaká. Além da gestão e proteção territorial, as ações visam o fortalecimento de organizações indígenas e de cadeias de valor da sociobiodiversidade. A atuação envolve três terras indígenas Rikbaktsa (TI Erikpatsa, TI Escondido e TI Japuíra) e uma Apiaká (TI Apiaká do Pontal e Isolados), somando um total de 1.387.033 hectares. Esses territórios estão localizados na região de formação de dois importantes rios amazônicos, o Juruena e o Tapajós.
Durante o período de três anos, entre janeiro de 2024 e dezembro de 2026, estão previstas ações de monitoramento e proteção dos territórios; manejo sustentável de recursos naturais; geração de alternativas econômicas e fortalecimento das organizações indígenas.
Essas iniciativas fazem parte da implementação do Plano de Gestão Territorial e Ambiental (PGTA) dos territórios Rikbaktsa e da elaboração da segunda etapa do PGTA da TI Apiaká do Pontal e Isolados. O PGTA é uma publicação feita pelos povos de acordo com suas respectivas culturas, uma espécie de diagnóstico do presente com projeções para o futuro. Reúne instrumentos de gestão (etnomapeamento e etnozoneamento) para um manejo sustentável do território e constitui uma importante ferramenta política para negociações e visibilidade indígena. A OPAN tem larga experiência na facilitação desse processo, contribuindo com metodologias e práticas que auxiliam os povos durante a elaboração dos seus PGTAs.
Nas edições anteriores do projeto Berço das Águas, entre 2011 e 2020, a OPAN facilitou a elaboração e a implementação de PGTAs em cinco terras indígenas da bacia do Juruena (Manoki, Myky, Pirineus de Souza, Tirecatinga e Rikbaktsa). Foram definidas diretrizes, elaborados diagnósticos participativos, calendários sazonais, etnomapeamentos e etnozoneamentos, acordos para o uso e ocupação dos territórios, além de diversas formações e ações que contribuíram com a educação ambiental, segurança alimentar, apoio aos rituais e proteção e monitoramento dos territórios.
Bacia do Juruena
Vivem na bacia do Juruena os povos Myky, Manoki-Irantxe, Enawene Nawe, Nambikwara, Bakairi, Rikbaktsa, Kayabi, Apiaká, Munduruku e Paresi, além de grupos isolados. Esses povos habitam 22 terras indígenas, o que representa 25% dos territórios indígenas de Mato Grosso, estendendo-se por uma área equivalente a 27% da bacia e abarcando 17 municípios.